Nota de Repúdio

< Voltar

03/03/2023

A Fetrhotel (Federação Interestadual dos Trabalhadores Hoteleiros de São Paulo e Mato Grosso do Sul), repudia, veementemente, o tratamento dado a cerca de 200 trabalhadores que viviam em situação análoga à escravidão, na cidade de Bento Gonçalves (RS).

A notícia do resgate desses trabalhadores, no último dia 23 de fevereiro, chocou o mundo da gastronomia e do trabalho. O envolvimento das três principais vinícolas brasileiras (Aurora, Salton e a Cooperativa Garibaldi) teve repercussão internacional e abalou o mercado de vinhos e sucos brasileiro.

Não podemos nos silenciar diante de toda e qualquer exploração e violência mediante trabalhos forçados como foram submetidos esses trabalhadores. Não podemos admitir que a liberdade de pessoas sejam restringidas e a dignidade humana seja tão aviltada.

Esse brutal e perverso regime de trabalho fere os direitos penal, civil e trabalhista, a integridade individual, além de significarem uma afronta a nossa Constituição Federal e ao Estado Democrático de Direito.

No entanto, a exploração da vida humana, sem qualquer compromisso com os Direitos Humanos, tornou-se crescente neste país nos últimos anos. Essa prática nociva está diretamente ligada as mudanças relacionadas a Reforma Trabalhista e a postura do ex-presidente da República. Este tratou o tema com descaso, apoiou a terceirização e o trabalho temporário, indiscriminado e fomentou o conceito de “liberdade econômica”, contribuindo diretamente para proliferação do trabalho indigno e sem respeito aos direitos e garantias dos cidadãos.

Precisamos, urgente, colocar fim em eventos dessa natureza. Para isso, defendemos a ampliação da fiscalização dos órgãos de proteção ao trabalhador, para que todas as formas de escravidão contemporânea sejam combatidas e que seus responsáveis sejam exemplarmente responsabilizados.

É preciso investir nos mecanismos de fiscalização de condições do trabalho, esquecidos e desvalorizados nos últimos anos pelo então governo federal.

Não aceitamos nenhuma forma de exploração semelhante a registrada nessas vinícolas ou em qualquer outro setor produtivo de nossa sociedade.

Continuaremos lutando arduamente para salvaguardar os direitos da todos os trabalhadores deste país e para aprimorar os mecanismos de defesa de trabalhadores na nossa legislação, bem como para fortalecer os órgãos de fiscalização de condições do trabalho.