Setembro Amarelo: por que a população negra corre maior risco de suicídio

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02/09/2022

Com a chegada do Setembro Amarelo, campanha nacional de prevenção ao suicídio, o psicólogo Bruno Mota afirma que esta não só é uma questão de saúde pública, como também é algo que afeta com mais intensidade a população negra devido a problemas históricos.

Segundo pesquisa do Ministério da Saúde e da Universidade de Brasília divulgada em 2018, o risco de suicídio entre a população negra foi 45% maior que em relação à branca no período de 2012 a 2016. Para o psicólogo, esses números são um reflexo do racismo no país, cujos efeitos moldam a forma como as pessoas negras se enxergam e são vistas na sociedade.

"A população negra vive uma espécie de estresse pós-traumático contínuo. Cada experiência de discriminação vai ativar esse estilhaço traumático e causar adoecimentos. Além disso, a maneira como o estado e a mídia colocam as juventudes negras como potenciais criminosos sustenta um imaginário prejudicial à saúde", Bruno Mota, psicólogo,

Outros fatores também merecem atenção para refletir como a realidade da população negra no Brasil afeta a saúde mental dessas pessoas. Entre eles:

A diferença salarial entre negros e brancos

A insegurança alimentar que acomete principalmente os lares chefiados por mulheres negras.

A violência policial, que produz vítimas, das quais negros são oito a cada 10 mortos.

A violência doméstica, que atinge as mulheres negras.

Desta forma, segundo Mota, para superar os dados de suicídio, é preciso criar estratégias "multi setoriais, envolvendo os campos psicológico, cultural, socioambiental e econômico para garantir a manutenção da saúde dos jovens pretos".

Centro de Valorização da Vida - Caso você esteja pensando em cometer suicídio, procure ajuda especializada como o CVV (Centro de Valorização da Vida) e os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade. O CVV funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil.

Matéria: Núcleo de Diversidade